O conceito de Grande Dispersão do professor Scott Galloway, da Universidade de Nova York, é um fenômeno comparável à Globalização e à Digitalização, pois se apresenta como uma teoria que une estes dois conceitos. Segundo o professor, “dispersão é a habilidade de distribuir produtos ou serviços sobre uma grande área quando e onde eles mais são necessários, eliminando fricções e custos desnecessários”.
Tendo em mente essa teoria proposta por Galloway, pode-se considerar que a Amazon dispersou o varejo pelos computadores e telefones, a Netflix dispersou os DVDs pelas telas de casa e o Spotify expressa dispersões profundas em indústrias, por exemplo. A pandemia acelerou mudanças mais do que as provocou. Podemos ver essa aceleração no home office, no ensino a distância e na telemedicina. No entanto, não se trata apenas de dispersões no mundo físico.
As mídias sociais são uma forma de dispersão que possibilita conexões, competições e debates com as comunidades dispersas. A dispersão midiática causada pelo streaming de filmes e séries por assinatura abalou o cinema e o teatro, fortemente prejudicados pela pandemia. A dispersão nos câmbios também se acelerou pela pandemia, devido à falta de confiança nas moedas a partir das emissões dos Bancos Centrais e a consequente alta do Bitcoin.
Para Galloway, a dispersão oferece o mesmo potencial de criação de riqueza que a globalização e a digitalização, mas ainda tem suas desvantagens. Mudanças de paradigmas apresentaram vantagens e estimularam a prosperidade, mas para o progresso é pouco. As redes reduziram amplamente o atrito saudável na busca pela verdade e ciência, trazendo grande desinformação e teorias de conspiração.
O professor reconhece que a Grande Dispersão tem vários benefícios, mas sua provocação está no aviso de que ela pode corroer nossos já enfraquecidos laços de comunidade e cooperação, à medida que a distância se torna cada vez mais estrutural. Para Galloway, a dispersão está próxima da segregação, e a segregação reduz a empatia. Como solução para esse problema, ele sugere uma revisão pessoal das relações, além de um compromisso ético dos mais favorecidos em trabalhar por um mundo mais justo, cuidar dos idosos e melhorar e desenvolver relacionamentos.